Quatro dos 16 novos ministros de Lula já foram investigados ou processados
Lula e Waldez Goés, governador do Amapá e
indicado para o
Ministério do Desenvolvimento Regional
Entre os 37 ministros anunciados, 12 são investigados ou
foram envolvidos em escândalos de corrupção, caixa 2 ou improbidade.
Dos 16 nomes anunciados nesta quinta-feira (29) pelo
presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para integrar seu
ministério, ao menos quatro já estiveram envolvidos em escândalos e foram alvos
de processo, investigação ou condenação judicial. Dos 37 ministros que vão
integrar o futuro governo, há 12 nas mesmas condições – um terço do total.
Entre os últimos nomes divulgados está o governador do
Amapá, Waldez Goés (PDT), futuro ministro do Desenvolvimento Regional. Goés foi
preso em 2010, na Operação Mãos Limpas, deflagrada pela Polícia Federal, e
chegou a ser condenado a seis anos e nove meses de prisão em regime semiaberto.
Ele e outras 17 pessoas foram acusadas de integrarem um
esquema que desviava dinheiro do Estado e da União. Na época, a defesa do
governador alegou que não houve desvio de recursos públicos e que outros
acusados no processo foram absolvidos das mesmas acusações. A ação foi suspensa
pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021.
Outro futuro ministro que já foi alvo de investigação é
Carlos Fávaro (PSD-MT). Em 2020, o Ministério Público Federal em Mato Grosso
(MPF-MT) abriu investigação contra o senador por suspeita de prática de caixa 2
nas eleições de 2018. Segundo a investigação, o deputado omitiu notas
promissórias emitidas por uma gráfica nos valores de R$ 405.508,00 e R$
60.312,00.
O senador justificou que na época o valor apontado como
parte de um caixa 2 não foram ocultados da Justiça Eleitoral e que o dinheiro
foi declarado após a quitação e emissão das notas fiscais. O caso acabou
arquivado em fevereiro de 2022.
Veja a lista dos demais ministros que já foram oficialmente
investigados:
• Carlos Lupi (Previdência): investigado por improbidade
administrativa em processo que tramita na 6ª Vara da Justiça Federal em
Brasília, foi acusado por ter usado o avião de uma ONG enquanto era ministro do
Trabalho do governo Lula, em 2009. Ele também é investigado em um inquérito que
apura os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e caixa 2 eleitoral por
suposta venda de apoio político para a campanha eleitoral de Dilma Rousseff em 2014.
• Simone Tebet (Planejamento e Orçamento): foi alvo de
investigação por crime de responsabilidade em dois inquéritos referentes a
supostas fraudes em licitações em Três Lagoas (MS), município onde foi prefeita
entre 2005 e 2010. Um dos processos foi arquivado no Supremo Tribunal Federal
(STF), o outro aguarda o reconhecimento da prescrição.
• Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública): foi alvo de
inquérito da PGR por suspeita de ilegalidades em um contrato de fornecimento de
combustível para o helicóptero da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão.
Em 2020, a investigação foi arquivada pelo STJ. À época, ele reclamou do uso
indevido de procedimentos judiciais e policiais para fins políticos por parte
da PGR (Procuradoria-Geral da República).
• Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais):
foi acusado por um delator da operação Lava Jato de ter negociado para ficar
com uma parte do laboratório Labogen, empresa que era usada pelo doleiro
Alberto Youssef para fraudar contratos milionários do Ministério da Saúde. A
defesa dele disse que nem uma apuração concluída pela CGU (Controladoria-Geral
da União) nem uma investigação da Polícia Federal encontraram nenhum vínculo de
Padilha com irregularidades.
• Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação): em 2019,
foi condenada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco por improbidade
administrativa pela contratação para gerenciar a iluminação pública da cidade.
À época, a defesa dela disse que não houve prejuízo ao patrimônio público
municipal e que a sentença da Justiça reconheceu que Luciana não recebeu nem
desviou dinheiro público.
• Jorge Messias (Advocacia-Geral da União): ficou conhecido
como "Bessias" por ter tido o nome citado na interceptação de uma
conversa entre Lula e Dilma em 2016. Ele seria o responsável por entregar o
termo de posse como ministro ao ex-presidente. A intenção seria deixar Lula com
foro privilegiado. Ele não se manifestou.
• Márcio França (Portos e Aeroportos): investigado em
inquérito de desvios na Saúde. Foi alvo de operação da Polícia Civil em janeiro
deste ano. Em sua defesa, ele disse que a operação era política, e não
policial, e afirmou não ter nenhuma relação comercial nem advocatícia com as
pessoas jurídicas e físicas envolvidas na investigação.
• Luiz Marinho (Trabalho e Emprego): foi condenado neste ano
pela 8ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, junto
com o ex-prefeito de Santo André Carlos Grana, por nepotismo cruzado. A ação
foi movida pelo Ministério Público de São Paulo, com o argumento de que foram
dados cargos de confiança à filha de Grana em São Bernardo do Campo, onde
Marinho foi prefeito, e à cunhada de Marinho em Santo André. Os dois foram
condenados ao pagamento de multa equivalente a seis vezes a última remuneração.
• Wellington Dias (Desenvolvimento Social, Assistência,
Família e Combate à Fome): foi alvo de uma operação da Polícia Federal em 2020
que investigou os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e
fraudes em licitações na Secretaria da Educação do Piauí, estado do qual foi
governador. À época, ele classificou a operação como “ridícula” e “mais um
espetáculo em nome de investigação”.
• Camilo Santana (Educação): em 2011, quando era secretário
das Cidades do Ceará, teve o nome envolvido no escândalo dos banheiros, esquema
no qual a secretaria teria desviado milhões de reais que seriam utilizados na
construção de sanitários populares. Santana se defendeu à época e disse que os
contratos foram assinados antes que ele tivesse assumido o posto.
FONTE
Portal R7
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