Governo de transição de Lula tem ao menos 67 pessoas investigadas
Políticos e outros integrantes se envolveram em esquemas de corrupção, rachadinha, lavagem de dinheiro, entre outros crimes
A equipe de transição do presidente da República eleito,
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conta com pelo menos 67 pessoas que são ou já
foram investigadas pelas polícias, pelos órgãos de controle ou pelo Ministério
Público. Parte delas esteve envolvida em escândalos apurados pela Lava Jato,
caso de Paulo Bernardo, ex-ministro do Planejamento e das Comunicações, que
chegou a ser preso em 2016.
A lista de políticos que são alvo da Justiça tem Aloizio
Mercadante, ex-ministro da Educação, da Casa Civil e da Ciência, Tecnologia e
Inovação, que já respondeu a inquérito por tráfico de influência e obstrução de
Justiça. Outra figura é a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que responde a
inquérito por corrupção em contrato do antigo Ministério do Planejamento.
Advogado de Lula, Cristiano Zanin foi investigado na Lava Jato do Rio de
Janeiro, em 2020, por suposta participação em desvios no Sistema S.
Veja a lista completa dos integrantes do governo de
transição que são ou já foram oficialmente investigados:
Coordenação
• Gleisi Hoffmann, deputada federal: responde a inquérito
por corrupção em contrato do antigo Ministério do Planejamento. Em sua defesa,
ela diz que se trata de inquérito instaurado há mais de seis anos, período em
que não foi produzido nenhum indício de irregularidade.
• Aloizio Mercadante, ex-ministro: respondeu por tráfico de
influência e obstrução de Justiça ao aconselhar o ex-senador Delcídio do Amaral
a não firmar acordo de delação premiada com a Lava Jato. Em sua defesa, ele
disse que os diálogos não retratavam nenhuma tentativa de obstrução da Justiça,
mas um gesto de apoio pessoal.
Conselho Político
• Antônio Brito, deputado federal: foi citado na Lava Jato
por supostamente ter recebido recursos da Odebrecht na eleição de 2010. Segundo
o parlamentar, em 2017 ele foi excluído das investigações.
• Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco: em 2019,
foi condenada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco por improbidade
administrativa pela contratação para gerenciar a iluminação pública da cidade.
À época, a defesa dela disse que não houve prejuízo ao patrimônio público
municipal e que a sentença da Justiça reconheceu que Luciana não recebeu ou
desviou dinheiro público.
• Renan Calheiros, senador: é investigado em diversos
inquéritos, sendo alvo da operação Lava Jato. Foi indiciado em 2021 pela Polícia
Federal por corrupção e lavagem de dinheiro por um suposto recebimento de R$ 1
milhão em propinas da Odebrecht. A defesa dele disse que nenhuma prova foi
produzida em desfavor do senador, restando apenas a palavra isolada dos
delatores.
• Jader Barbalho, senador: é investigado em diversos
inquéritos, sendo alvo da operação Lava Jato. Em 2015, o Supremo Tribunal
Federal (STF) arquivou uma investigação sobre ele que apurava suspeitas de
peculato, tráfico de influência e lavagem de dinheiro. A defesa dele disse que
os fatos citados não tinham fundamento, o tempo correu e não se chegou aos
elementos que poderiam corroborar uma possível acusação.
Agricultura, Pecuária e Abastecimento
• Carlos Fávaro, senador: foi investigado por omissão e
improbidade administrativa num caso de possível crime ambiental em fazenda do
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Também é investigado
por caixa dois. O senador não se manifestou.
• Kátia Abreu, senadora: foi investigada em um desdobramento
da Operação Lava Jato por suposto recebimento de R$ 500 mil da Odebrecht por
meio de caixa dois. O inquérito foi arquivado pelo STF. Em sua defesa, ela
disse que, ao longo da sua vida pública, nunca participou de corrupção e nunca
aceitou participar de nenhum movimento de grupos fora da lei.
• Neri Geller, deputado federal: condenado por abuso de
poder econômico nas eleições de 2018. A defesa dele disse que o deputado foi
cassado injustamente, e prova irrefutável disso foi a decisão em cima de um
pedido que nem sequer fazia parte dos autos.
Cidades
• Maria Fernanda Ramos Coelho, ex-presidente da Caixa e
membro do Consórcio Nordeste: indiciada pela Polícia Federal em operação no
Banco Pan quando era da Caixa. A defesa dela disse que os trâmites para a
aquisição das ações do banco foram realizados dentro dos procedimentos
técnicos, legais e de acordo com as boas práticas de mercado vigentes.
• Geraldo Magela, ex-deputado federal, distrital e
ex-secretário de Habitação do DF: investigado por um suposto esquema de fraude
para construção de moradias e cobrança de propina. A defesa dele disse que
Magela adotou diversas providências para garantir a lisura, a legalidade e a
transparência do projeto.
• Guilherme Boulos, deputado federal eleito por São Paulo:
acusado de dano ao patrimônio público. A defesa dele disse que a acusação não é
verdadeira e confunde o papel de uma liderança que historicamente defende a
implementação de políticas públicas por moradia popular com a figura de um
criminoso.
• Márcio França, ex-governador de São Paulo: investigado em
inquérito de desvios na saúde. Foi alvo de operação da Polícia Civil em janeiro
deste ano. Em sua defesa, ele disse que a operação era política e não policial
e afirmou não ter nenhuma relação comercial ou advocatícia com as pessoas
jurídicas e físicas envolvidas na investigação.
• Rodrigo Neves, ex-prefeito de Niterói (RJ): réu por
fraudes em contratos na Prefeitura de Niterói. A defesa dele disse que não
existem indícios nem provas para a denúncia.
Ciência, Tecnologia e Inovação
• Celso Pansera, ex-deputado federal e ex-ministro: em 2015,
foi alvo da Operação Catilinárias, deflagrada a partir de provas obtidas na
Operação Lava Jato. À época, a Secretaria de Imprensa da Presidência da
República disse que o governo federal esperava que os fatos que envolviam
Pansera fossem esclarecidos o mais breve possível.
Comunicação Social
• André Janones, deputado federal: acusado por um
ex-assessor de fazer rachadinha. Em sua defesa, ele negou e disse jamais
aceitar que denúncias levianas de cunho político regional manchem a imagem
construída por ele com retidão ao longo de anos.
• Manuela d'Ávila, ex-deputada federal e estadual: em 2017,
foi acusada de receber caixa dois via doações de campanha. Em sua defesa, ela
disse que tem a tranquilidade de quem há 13 anos constrói sua vida pública com
transparência e ética.
Comunicações
• Paulo Bernardo, ex-ministro: foi preso em 2016 em um
desdobramento da Operação Lava Jato. Continua investigado em alguns processos.
A defesa dele disse que a prisão foi ilegal por não preencher requisitos
autorizadores.
• Jorge Bittar, ex-deputado federal: acusado de receber
propina da Odebrecht na Operação Lava Jato. Ele não se manifestou.
Desenvolvimento Agrário
• João Grandão, ex-deputado federal e estadual: foi
condenado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) a 11 anos e 10
meses de prisão, em 2015, inicialmente em regime fechado. Ele foi um dos
acusados da Operação Sanguessuga, que investigou corrupção na compra de
ambulâncias. Em sua defesa, ele disse que não houve consenso no parecer do
colegiado do TRF1.
• Miguel Rosseto, ex-ministro: quando era presidente da
Petrobras Biocombustível, foi acusado de superfaturamento na compra de usinas
de biodiesel na região Sul. Ele disse que a compra das usinas obedeceu a
critérios técnicos, corporativos e estratégicos para nacionalizar a produção de
biocombustíveis e reforçar o polo produtivo desse setor no Sul do país.
Desenvolvimento Regional
• Helder Barbalho, governador do Pará e ex-ministro: acusado
de corrupção na compra de respiradores no auge da pandemia da Covid-19. A
defesa dele disse que o governador agiu a tempo de evitar danos ao Erário, já
que os recursos foram devolvidos aos cofres do estado.
• Randolfe Rodrigues, senador: acusado de ter recebido
mesadas do então governador do Amapá, João Capiberibe, entre os anos de 1999 e
2002. O senador disse que a Procuradoria-Geral da República (PGR) constatou não
haver provas contra ele.
Desenvolvimento Social
• Simone Tebet, senadora: foi investigada por crime de
responsabilidade em dois inquéritos referentes a supostas fraudes em licitações
no município de Três Lagoas (MS), onde ela foi prefeita. Os inquéritos
prescreveram. Ela disse que o Ministério Público Federal (MPF) entendeu não ter
havido nenhum favorecimento a ela.
Direitos Humanos
• Maria do Rosário, deputada federal: citada nas delações da
Lava Jato por, supostamente, ter recebido propina da Odebrecht. Ela negou
qualquer recebimento e disponibilizou os sigilos fiscal, bancário e telefônico
ao STF.
• Emídio de Souza, deputado estadual: teve bens bloqueados e
é acusado de fraude em contratos. Teria contratado serviços sem licitação de
forma irregular. Ele não se manifestou.
Educação
• Henrique Paim, ex-ministro: denúncia feita pelo MPF contra
o ex-ministro quando ele era presidente do FNDE, com base em levantamento do
Tribunal de Contas da União (TCU), o tornou réu em uma ação civil pública por
suspeita de irregularidades em um convênio de R$ 491 mil com a ONG Central
Nacional Democrática. Ao TCU, ele disse que foi induzido a erro quando assinou
o processo de celebração do convênio.
Esporte
• Edinho Silva, prefeito de Araraquara: investigado por
compra irregular de respiradores. A defesa dele disse que o município recebeu
uma doação dos equipamentos após tentativas frustradas de aquisição, mas
destacou que o prefeito cancelou o processo após ter notícia de irregularidades
que envolviam a empresa doadora e a empresa fabricante, de maneira que a doação
nunca se concretizou.
• Nádia Campeão, ex-vice-prefeita de São Paulo: foi investigada
em operação de crime eleitoral e lavagem de dinheiro na campanha de 2012. Ela
não se manifestou.
Igualdade Racial
• Preta Ferreira, membro do Movimento sem Teto do Centro:
foi presa acusada de extorsão e associação criminosa por supostamente coagir moradores
a pagar taxas nas ocupações. Ela conseguiu um habeas corpus posteriormente.
Preta afirmou que lutaria para provar a própria inocência e que sua prisão foi
política e uma tentativa de criminalizar o movimento que luta por direitos.
Indústria, Comércio e Serviços
• Germano Rigotto, ex-governador do Rio Grande do Sul:
investigado na Lava Jato, em 2017, suspeito de receber recursos de empreiteira.
Teria se mostrado "bastante receptivo" a conversar sobre
investimentos para a duplicação do Polo Petroquímico de Triunfo. Em setembro de
2017, o MPF disse não haver indício de corrupção. À época, o político se disse
satisfeito com o desfecho, mas reclamou por ter o nome colocado ao lado de
pessoas que realmente praticaram atos de corrupção.
• Luciano Coutinho: indiciado em 2017 pela PF na Operação
Acrônimo. Teria atuado com Fernando Pimentel para inviabilizar financiamento do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que possibilitaria
a fusão entre Grupo Pão de Açúcar e Carrefour. Ele afirmou que não recebeu
nenhum tipo de vantagem em decorrência da fusão dos grupos, garantiu não saber
de outra pessoa que tenha sido beneficiada e ressaltou que agiu dentro da
legalidade.
Subgrupo Micro e Pequenas Empresas
• André Ceciliano, presidente da Assembleia Legislativa do
RJ: investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT) de 2020 diz que
Ceciliano repassava ao estado as sobras de caixa da Assembleia Legislativa do
Estado do Rio de Janeiro (Alerj) com o pretexto de financiar secretarias municipais
de Saúde. O dinheiro seria propina para membros do Legislativo. Ceciliano disse
que o delator das denúncias estaria mentindo e apresentava versões
contraditórias da mesma história a cada depoimento que prestava.
• Paulo Okamotto, ex-presidente do Sebrae: em 2005, foi
denunciado pelas CPIs dos Bingos e do Mensalão por ter supostamente pago uma
dívida de quase R$ 30 mil de Lula e não declarar a origem desses recursos. Em
depoimento à CPI dos Bingos, ele assumiu que fez um pagamento em dinheiro à
tesouraria do PT para cobrir uma série de despesas do petista. Ele garantiu que
o dinheiro era legal e foi repassado na forma de um adiantamento, já que Lula
era um funcionário da legenda e que viajava em nome da agremiação.
Infraestrutura
• Alexandre Silveira, senador: investigado, em 2017, com
autorização do STF, por ter sido citado em lista de contribuições ilegais
feitas pela Odebrecht entre 2008 e 2014. Teria recebido R$ 50 mil para propor
emendas e defender projetos de interesse da construtora. Silveira afirmou, à
época, que as acusações partiam de pessoas investigadas interessadas, apenas,
em se livrar das próprias dívidas com a Justiça e que tentavam, de forma
injusta, ameaçar a sua reputação.
• Miriam Belchior, ex-ministra e ex-presidente da Caixa: foi
investigada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo denúncia, ela e
ex-conselheiros teriam induzido os investidores da Petrobras a erro ao aprovar
a política de preços e o plano de negócios da petroleira para o período de 2014
a 2018. Miriam Belchior evitou se posicionar durante as investigações.
• Paulo Pimenta, deputado federal: foi investigado pela
Justiça Federal por suspeitas de estelionato e lavagem de dinheiro em 2019 por
suposto esquema que lesou arrozeiros em São Borja (RS). Ele afirmou que as
investigações tinham mais de dez anos à época, e que não havia nada no caso que
o ligasse aos produtores e ao prejuízo que eles tiveram. O processo foi
suspenso em 2020.
Justiça e Segurança Pública
• Cristiano Zanin, advogado: foi investigado na Lava Jato do
Rio de Janeiro, em 2020, por suposta participação em desvios no Sistema S.
Segundo delação, advogados recebiam da Fecomércio por serviços não prestados. O
processo foi suspenso pelo STF. Zanin disse que a extinção do processo pôs fim
à perseguição que juízes da Lava Jato estaravam praticando.
• Flávio Dino, ex-governador do Maranhão e senador eleito:
foi alvo de inquérito da PGR por suspeitas de ilegalidades em um contrato de
fornecimento de combustível para o helicóptero da Secretaria de Segurança
Pública do Maranhão. Em 2020, a investigação foi arquivada pelo Superior
Tribunal de Justiça (STJ). À época, ele reclamou do uso indevido de
procedimentos judiciais e policiais para fins políticos por parte da PGR.
• Omar Aziz, senador e ex-governador do Amazonas:
investigado por desvios de recursos para a área da saúde quando foi governador
do Amazonas, em 2016. Suspeito de desvio de cerca de R$ 260 milhões de verbas
públicas da saúde por meio de contratos milionários firmados com o governo do
estado do Amazonas. Ao ser indiciado, o então governador disse que a Polícia
Federal agia de forma equivocada e que as acusações não se sustentariam.
Meio Ambiente
• Carlos Minc, ex-ministro: foi investigado pelo Ministério
Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por suspeita de rachadinha, chegando a ter o
sigilo bancário quebrado. Ele foi absolvido em 2021. O ex-ministro destacou que
o MPRJ não encontrou nada ilegal e disse não se queixar do órgão, pois o
resultado dos trabalhos confirma sua confiança nos promotores.
• Izabella Teixeira, ex-ministra: foi investigada, em 2012,
por suposta "pressão" para liberar o licenciamento ambiental de obra
no complexo portuário da ilha de Bagres, no estado de São Paulo. O processo foi
suspenso. A então ministra disse, em sua defesa, que o processo de
licenciamento seguiu os ritos legais.
• Jorge Viana, ex-governador do Acre e ex-senador: foi
investigado, em 2010, suspeito de intermediar uma doação da Odebrecht no valor
de R$ 2 milhões para a campanha do irmão Tião Viana ao governo do Acre em 2010.
O processo foi arquivado. Em resposta à imprensa sobre as acusações, Jorge
Viana disse que nem ele nem o irmão foram denunciados por corrupção.
Minas e Energia
• Anderson Adauto, ex-ministro: condenado a três anos de
prisão em regime aberto por irregularidades em concurso realizado em Uberaba
(MG), respondeu também por improbidade administrativa e por fraudar licitação.
No caso da condenação por fraude em concurso, que aconteceu em 2013, Adauto disse
à época que recorreria da decisão e que as denúncias não se confirmavam.
• Giles Azevedo, ex-secretário-executivo do Gabinete Pessoal
da presidente Dilma Rousseff: investigado no principal inquérito da Lava Jato.
Suspeito de envolvimento com fraudes na Petrobras e possível formação de
organização criminosa, em 2016. Suspeito de ter sido procurado pelo empresário
Marcelo Odebrecht para socorrer empreiteiros da OAS e da UTC presos pela
Polícia Federal na Operação Lava Jato. Giles Azevedo negou que tenha conversado
com o empresário sobre o caso.
Pesca
• Altemir Gregolin, ex-ministro: condenado pelo TCU por
compra irregular de lanchas-patrulha em processo de 2012. As lanchas custaram
R$ 31 milhões e, segundo os auditores, houve superfaturamento e falhas no
processo licitatório. Já ex-ministro, Gregolin defendeu a compra das lanchas e
destacou a importância da fiscalização da pesca ilegal. Ele também afirmou que
não autorizou nem teve envolvimento no pedido de doação de campanha na
negociação dos veículos aquáticos.
Planejamento, Orçamento e Gestão
• Enio Verri, deputado federal: em 2014, quando era deputado
estadual, foi condenado por ato de improbidade administrativa. À época, o
advogado de Verri e outros envolvidos disse que a administração não notificou
os réus sobre o acúmulo de função.
Povos Originários
• Marcio Augusto Freitas de Meira, ex-presidente da Fundação
Nacional do Índio (Funai): foi acusado em 2011 pelo Ministério Público Federal
no DF, quando era secretário de Articulação Institucional do Ministério da
Cultura, em ação que investigava desvio de recursos e superfaturamento em
contrato firmado pelas entidades para realização do evento Ano do Brasil na
França. Ele não se manifestou.
• Sônia Guajajara, deputada federal eleita: teve inquérito
instaurado pela Polícia Federal em 2021 sob a acusação de difamar o governo de
Jair Bolsonaro. No mesmo ano, a Justiça fechou o inquérito. As críticas
aconteceram nas filmagens de um documentário. Guajajara disse à época que
denunciou a negligência do governo federal em relação aos indígenas durante a
pandemia de Covid-19, e que o documentário articulava apoios para proteger as
etnias contra o vírus.
Previdência Social
• José Pimentel, ex-senador e ex-ministro: em 2012, foi
condenado a pagar indenização por danos morais de R$ 30 mil ao senador Tasso
Jereissati. José Pimentel divulgou, em 2001, um relatório no qual acusava
Jereissati, à época governador do Ceará, de ter cometido crime de sonegação
fiscal. Ele afirmou à Justiça que agiu dentro da ética e da moralidade pública
e que apenas elaborou o relatório para uma Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) criada para apurar supostas irregularidades na liberação e aplicação de
recursos do Fundo de Investimento do Nordeste.
Relações Exteriores
• Aloysio Nunes Ferreira, ex-senador e ex-ministro:
investigado pela Operação Lava Jato em 2019, o ex-senador chefiou a InvestSP,
agência de promoção de investimentos do estado de São Paulo. Ele era suspeito
de receber um cartão de crédito corporativo vinculado a uma conta na Suíça em
nome do ex-diretor da Dersa, uma empresa de infraestrutura rodoviária. Aloysio
negou ter recebido o cartão corporativo. Em fevereiro de 2019, por causa das
investigações, pediu demissão da agência.
• Cristovam Buarque, ex-governador do Distrito Federal e
ex-ministro: foi condenado por improbidade administrativa pelo Tribunal de
Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) por uso de recursos
públicos, em 1995, na edição de um trabalho publicitário. O Superior Tribunal
de Justiça (STJ) derrubou a condenação por considerar que não houve dolo na
atitude do então governador.
• Romênio Pereira, secretário de Relações Internacionais do
PT: em 2008, foi investigado pela Polícia Federal. Ele foi flagrado em
conversas e encontros suspeitos com lobista preso na Operação João de Barro,
deflagrada pela Polícia Federal. Os diálogos sugeriam que o petista
proporcionaria ao lobista "os contatos necessários para viabilizar as
fraudes investigadas". Foram apuradas obras em 119 cidades, orçadas em R$
700 milhões. Não há registro de inquérito ou de condenação. À época, o defensor
do dirigente petista disse que não havia provas contra o cliente.
Posteriormente, Romênio admitiu que teria se encontrado algumas vezes com o
lobista, que se apresentou como pequeno empresário e lhe pediu que apresentasse
prefeitos, mas ressaltou que não ocorreu nada de ilícito.
Saúde
• Alexandre Padilha, deputado federal e ex-ministro: foi
acusado por um delator da Operação Lava Jato de negociar para ficar com uma
parte do laboratório Labogen, empresa que era usada pelo doleiro Alberto
Youssef para fraudar contratos milionários do Ministério da Saúde. A defesa
dele disse que uma apuração concluída pela Controladoria-Geral da União (CGU) e
uma investigação da Polícia Federal não encontraram nenhum vínculo de Padilha
com irregularidades.
• Arthur Chioro, ex-ministro: foi alvo de uma investigação
do Ministério Público de São Paulo por suspeita de improbidade administrativa.
A suspeita é que, quando era secretário de Saúde de São Bernardo do Campo (SP),
foi, ao mesmo tempo, sócio de uma empresa de consultoria no setor. Ele decidiu
se afastar da empresa e passar o controle societário para a mulher. Chioro
disse que era a medida mais adequada a ser tomada.
• Humberto Costa, senador e ex-ministro: a Segunda Turma do
STF arquivou em 2021 inquérito contra o senador. A investigação foi aberta no âmbito
da Operação Lava Jato e apurou o suposto recebimento de R$ 1 milhão pelo
parlamentar. Ele disse que o inquérito foi usado para prejudicá-lo de todas as
maneiras e provocar danos eleitorais.
• José Gomes Temporão, ex-ministro: foi condenado em 2010 pelo
Tribunal de Contas da União (TCU) a pagar multa de R$ 10 mil por
irregularidades em obras do Instituto Nacional do Câncer (Inca), do qual foi
diretor-geral entre 2003 e 2005. Temporão é responsabilizado por uma série de
manobras, como retirar serviços do contrato para incluir outros, sem previsão,
e manipular o preço de itens, prática conhecida como "jogo de
planilha". À época, Temporão não se manifestou publicamente sobre o caso.
Trabalho
• Miguel Torres, presidente da Força Sindical: em 2012, foi
detido durante uma assembleia de trabalhadores por obstruir via pública. Ele
disse que estava somente defendendo o direito de o trabalhador receber um
salário melhor.
• Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores
(UGT): a Polícia Federal aponta indícios, por meio das investigações no âmbito
da Operação Registro Espúrio, de que um depósito de R$ 300 mil feito pela
central sindical UGT na conta de um sindicato foi utilizado para o pagamento de
propina a servidores do Ministério do Trabalho. As investigações apontam ainda
Patah como o responsável pela disponibilização dos recursos. A defesa dele
negou qualquer conduta delitiva.
Transparência, Integridade e Controle
• Eugênio Aragão, subprocurador-geral da República
aposentado e ex-ministro: foi nomeado ministro da Justiça no governo Dilma, mas
a juíza Luciana Raquel Tolentino de Moura, da 7ª Vara da Justiça Federal de
Brasília, decidiu que a Constituição proíbe integrantes do Ministério Público
de assumir cargos no Executivo. A decisão foi revertida, e Aragão assumiu o
cargo. Ele não se manifestou.
• Jorge Messias, procurador da Fazenda Nacional e
ex-subsecretário de Assuntos Jurídicos da Casa Civil: ficou conhecido como
"Bessias" por ter tido o nome citado em interceptação de conversa
entre Lula e Dilma em 2016. Ele seria responsável por entregar o termo de posse
como ministro ao ex-presidente. A intenção seria deixar Lula com foro
privilegiado. Ele não se manifestou.
• Paulo Câmara, governador de Pernambuco: em 2017, foi
citado em delação por participar de suposto esquema de propina, que teria
movimentado R$ 15 bilhões, com a J&F. Ele disse que não recebeu doações e
nunca solicitou recursos de qualquer empresa em troca de favores.
Turismo
• Arialdo Pinho, ex-secretário da Casa Civil do Ceará: foi
proibido de deixar o país em dezembro de 2020, alvo da Operação Onzenário, que
investiga direcionamento ilícito de operações de crédito consignado. A defesa
dele negou todas as acusações de irregularidades.
• Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho, ex-presidente do
Sebrae e ex-ministro: foi multado pelo TCU em 2016 em R$ 3.500 por deixar de
aplicar o logo do Ministério do Turismo em um evento objeto de convênio. Ele
não se manifestou.
• Veneziano Vital do Rego, senador: respondeu a diversos
inquéritos. Em 2018, foi acusado pela PGR de desvio de verba para banco de
alimentos no período em que era prefeito de Campina Grande (PB). Chegou a ser
condenado à perda do mandato de senador, mas a ação foi trancada pelo STF por
uso de provas ilícitas. A defesa dele disse que, no curso da instrução
processual, nada se produziu a respeito de atos dolosos ou culposos cometidos
por Veneziano.
• Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo e ex-ministra: respondeu
a diversos inquéritos. Foi delatada por receber da Odebrecht R$ 500 mil via
caixa dois na campanha de 2010, mas teve o inquérito arquivado no STF por
prescrição. A defesa dela disse que todas as doações da campanha foram
contabilizadas oficialmente e declaradas à Justiça Eleitoral.
• Orsine Oliveira Júnior, ex-secretário de Turismo do
Amazonas: em 2022, foi multado em R$ 392,3 mil pelo Tribunal de Contas do
Amazonas (TCE-AM) por não cumprir com a Lei de Acesso à Informação e cometer
diversas irregularidades em contrato firmado enquanto esteve à frente da
Empresa Estadual de Turismo do Amazonas. Foi condenado pelo Tribunal Regional
Eleitoral (TRE-AM) por divulgar falsa pesquisa eleitoral em benefício de José
Melo nas eleições de 2014. Vários boletins de ocorrência foram registrados pela
ex-namorada Bruna Paes Barreto por agressões e maus-tratos. Ele não se
manifestou.
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