O QUE É O PCC
Primeiro Comando da Capital (PCC) é uma facção criminosa de
maior ressonância no Brasil, com aproximadamente 29,4 mil membros em 22 dos 27
estados brasileiros e vem espalhando-se por outros países vizinhos, como
Bolívia, Paraguai e Colômbia. Surgiu em uma penitenciária em Taubaté (SP) em
1993.
A facção atua principalmente no estado de São Paulo onde
possui mais de 8 mil membros e está
presente em 90% dos presídios paulistas e fatura cerca de 120 milhões de reais
por ano.
O PCC foi fundado em 31 de agosto de 1993 por oito
presidiários, no anexo da Casa de Custódia de Taubaté, chamada de
"Piranhão", localizada a 130 quilômetros da cidade de São Paulo e
considerada a prisão mais segura do estado.
No inicio, o PCC era conhecido como “Partido do Crime”,
afirmando que pretendia combater a opressão dentro do sistema prisional
paulista e vingar a morte dos cento e onze presos mortos em 2 de outubro de
1992, no "massacre do Carandiru", quando a Polícia Militar matou
presidiários no pavilhão 9 da extinta Casa de Detenção de São Paulo.
O grupo usava o símbolo chinês do equilíbrio yin-yang em
preto e branco, considerando que era "uma maneira de equilibrar o bem e o
mal com sabedoria".
O grupo, cuja existência o governo negava embora havia surgido passados oito anos (em 1993), só se tornou conhecido nacionalmente com as rebeliões em prisões dos anos 2000 e a megarrebelião de 2001 que envolveu 29 presídios, em represália pela transferência dos principais chefes do grupo.
Organização
Os documentos escritos por eles e que dizem respeito às
normas disciplinares e elaboradas para regular o comportamento dos membros e de
quem circula nestes espaços, trazem ao PCC uma concepção que se parecem como
uma "igreja do crime", e nesta perspectiva, o PCC funciona como uma
ampla rede de criminosos, a maioria deles nas prisões, que atua com um braço
político e outro econômico.
Do lado político, o grupo criou um discurso de união entre
os ladrões - "o crime fortalece o crime" - e de enfrentamento contra
o "estado opressor". Pelos estatutos e salves, definem a ética e a
forma de se relacionar entre aqueles que atuam no mundo do crime. O grupo funciona
como uma agência reguladora do mercado criminal paulista e também oferece
auxílio aos seus filiados e familiares. O controle e a autoridade das
lideranças decorrem principalmente do fato de que eles dominam a absoluta
maioria dos presídios paulistas. Aqueles que desobedecem às normas do crime,
mais cedo ou mais tarde, precisam prestar contas às lideranças quando cumprem
penas e por isso preferem obedecer para não serem mandados para o “seguro”,
como são conhecidas as unidades neutras ou celas isoladas. Porém, não se trata
somente, de uma regra imposta de cima para baixo. A previsibilidade e a ordem
interessam a todos que integram essa cadeia ao permitir uma rotina menos
perversa nas prisões e aumentarem os lucros e previsibilidade das atividades
criminais. Violência é igual a prejuízo, pregam. Para os filiados, o PCC ainda
oferece uma série de vantagens, como advogados, transportes, cesta básica,
ajuda a familiares etc.
A desvantagem dos que se filiam é a perda da autonomia e a
necessidade de obedecer a um comando. Existe uma ética do crime que define o certo
e o errado e em termos da qual os criminosos e outras pessoas que convivem nos
espaços controlados pelo PCC são cobrados. O PCC não "criou" essa
ética chamada de "proceder", mas tornou homogênea a sua aplicação e
sistematizou um conjunto de códigos escritos que servem de balizas para o
comportamento que se espera e que também definem as punições àqueles que erram,
em conformidade com a gravidade do erro. Importante destacar que essa ética é
também produzida a partir de uma moralidade assentada numa visão tradicional de
mundo, machista, misógina e conservadora.
Do lado econômico, existe no PCC a "pessoa
jurídica", aquela que atua no mercado criminal com a marca PCC e cujos
ganhos são voltados para o financiamento das atividades da facção - jumbo
(alimentação levada por parentes), transporte, cesta básica, financiamento de
assaltos, armas, etc. Já os integrantes do grupo, que pagam mensalidades, podem
ter seus ganhos pessoais e seguir trajetórias próprias, desde que não
interfiram nos negócios do grupo ou dos irmãos. Esses negócios pessoais dos
membros do PCC movimentam ainda mais recursos do que o movimentado pela facção.
Quanto maior a quantidade de parceiros e quanto mais ampla a rede, mais todos
tendem a ganhar. O patamar dos negócios da droga mudou quando o PCC alcançou as
fronteiras e passou a atuar no atacado do tráfico. Quanto maior a quantidade
dos parceiros nos Estados, maiores os lucros. Assim o PCC seguiu uma dinâmica
expansionista, promovendo alianças, mas também rivalidades, conseguindo vender
drogas como "pessoa física" ou "jurídica" no Brasil
inteiro, transformando a cena nacional do crime.
O PCC, na atual cena do crime no Brasil, ganhou força sabendo
tirar proveito e ganhar dinheiro a partir dessa política (ideia) equivocada de
que travamos uma guerra diária contra o crime. A visão de que estamos em guerra
fortaleceu o PCC e a exemplo deste surgiu outras 82 facções criminosas nos presídios do Brasil.
FONTE
Interntional Police Association
https://www.ipa-brasil.org/-/o-primeiro-comando-da-capital-pcc
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