Morre locutor de rádio, cantor e compositor pernambucano Paulo Diniz
Morreu, nesta quarta-feira (22), o cantor e compositor Paulo
Diniz, autor de músicas como "Pingos de Amor" e "Quero voltar para Bahia". Pernambucano de Pesqueira, no Agreste, o artista faleceu em casa,
no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.
Paulo Lira de Oliveira, nome de batismo de Paulo Diniz,
deixou uma filha, duas enteadas e a esposa, Iluminata Rangel, além de três netos
e dois bisnetos. Ele nasceu em Pesqueira, no dia 24 de janeiro de 1940.
O artista fez sucesso principalmente nos anos 1970, época em que morava no Rio de Janeiro, e onde compôs e lançou alguns de suas obras mais conhecidas. "Pingos de Amor", lançada em 1971, chegou a ser regravada por diversos artistas, incluindo Paula Toller, do Kid Abelha, em 2000.
Filho de Vanderlon Diniz, dos 12 aos 16 anos trabalhou Fábrica
Peixe, uma fábrica de doces da sua cidade natal Pesqueira, no interior
pernambucano. Foi, também, locutor na Rádio Jornal do Commercio. Mais tarde
mudou-se para o Recife, onde tentou ganhar a vida engraxando sapatos, como
crooner e baterista em casas noturnas, locutor de casas comerciais e, em
seguida, locutor e ator da Rádio Jornal do Commercio, de onde foi demitido por
pronunciar um nome errado.
Do Recife, seguiu para Caruaru, e, depois, para Fortaleza, onde atuou como locutor e ator de rádio e televisão. Em 1964 foi para o Rio de Janeiro, onde consultou a Rádio Tupi e passou a compor com mais frequência. Sua primeira gravação saiu em 1966, com a canção O Chorão.
Em 1966, no auge da Jovem Guarda, lançou seu primeiro disco,
e o iê-iê-iê "O Chorão" se tornou sucesso nacional.
Em 1970, compôs, em parceria com o amigo Odibar, o hino de protesto "Quero Voltar Pra Bahia", cujos versos carregados de saudade prestavam homenagem a Caetano Veloso, que se encontrava exilado em Londres. A canção alcançou os primeiros lugares das paradas em todo o país e se tornou uma espécie de hino, canção-símbolo de uma época conturbada da história política e social do Brasil.
“O AI-5 foi uma barra pesada, calou a boca de todo mundo.
Tive a música 'Palmares' censurada. Cortaram também a '“Malandro é São
Benedito'... Nunca quis gravar depois. Na época do Pasquim, que esgotava meia
hora depois de chegar na banca, o Caetano mandava matérias, cartas. Numa delas
dizia que estava solitário em Londres. Ele usava aquele visual riponga, que lá
não era nada demais, cheio de malucos. Eu também estava muito só; a gente se
conhecia do Solar da Fossa, onde a gente viveu um tempo. Gil, Caetano,
Torquato, Rogério Duarte, Gal, Aderbal Freire Filho, meu companheiro de elenco
de rádio-teatro na Rádio Dragão do Mar...” contou Paulo Diniz em 2008 ao
repórter Henrique Nunes para o Diário do Nordeste.
Quatro anos depois lançou dois LPs, e em seguida dedicou-se à tarefa de musicalizar poemas de língua portuguesa de autores como Carlos Drummond de Andrade (E Agora, José?), Gregório de Matos (Definição do Amor), Augusto dos Anjos (Versos Íntimos), Jorge de Lima (Essa Nega Fulô) e Manuel Bandeira (Vou-me Embora pra Pasárgada).
Entre 1987/1996, em decorrência de graves problemas de saúde
que quase o deixaram paralítico, não gravou nenhum disco.
Parcialmente recuperado, em 1997 retomou a carreira, quando novamente já tinha residência fixa no Recife.
Nos últimos anos, residindo no Recife, fazia apresentações
por várias cidades e capitais do Nordeste brasileiro, com a mesma voz vibrante
de antes, porém numa cadeira de rodas, já que a doença que quase o paralisou
nos anos 1980 retornou a partir de 2005, e dessa vez paralisou seus membros
inferiores.
Paulo Diniz tinha 56 anos de carreira. Mudou-se para o Rio de Janeiro nos anos 1960, para trabalhar no rádio. Seu maior sucesso, "Pingos de Amor", foi composto em parceria com o compositor Odibar, um grande parceiro de sua carreira.
Com Odibar, ele também compôs "Um Chope para
Distrair" (1971) e "Ponha um Arco-íris na sua Moringa" (1970). O
primeiro sucesso de Paulo Diniz foi "O Chorão" (Edson Mello e Luiz
Keller, 1966). Um ano depois, ele lançou a canção "O Chorão no
Dentista" (1967), em alusão à primeira.
O produtor musical Saulo Aleixo, que trabalhava com Paulo Diniz, disse que, na última fase da vida, o artista ainda compunha e tinha projetos não lançados. Já na pandemia, ele chegou a tentar aprovar projetos na prefeitura do Recife e governo do estado, por meio da Lei Aldir Blanc, mas eles não foram aprovados.
"Ele tinha dado uma pausa na carreira em 2016, mas estava compondo, tem coisa gravada. Só não sabemos como vai ser, ainda, porque a família é quem vai decidir sobre isso. Ele tinha muita vontade de trabalhar, mas a pandemia deu uma afastada geral, até porque não podíamos ir com frequência à casa dele nos reunir, para evitar que ele pegasse Covid", afirmou.
Desde 2020, Paulo Diniz tocava um projeto em conjunto com a
cantora e compositora pernambucana Cristina Amaral, que se diz uma grande fã.
No fim de maio, ela lançou uma versão de "Pingos de Amor".
A ideia era gravar canções de Paulo Diniz com ele e, posteriormente, lançar o álbum "Cristina Amaral canta Paulo Diniz". Ela, que é natural de Sertânia, no Sertão de Pernambuco, passou a adolescência ouvindo Paulo Diniz e considera o artista uma grande parte de sua história.
Cristina Amaral contou que, com a pandemia, ficou mais
difícil tirar o projeto do papel, e o sonho de gravar uma canção com Paulo
Diniz não vai se realizar. No dia anterior à morte dele, ela conversou com Zeca
Baleiro e o convidou para gravar "Um Chope para Distrair".
Discografia
Brasil, Brasa, Braseiro, 1967
Quero Voltar Pra Bahia, 1970
Paulo Diniz (álbum de 1971), 1971
E agora, José?, 1972
Lugar Comum, 1973
Paulo Diniz (álbum de 1974), 1974
Paulo Diniz (compacto simples) 1975
Estradas, 1976
É Marca Ferrada, 1978
Canção do Exílio, 1984
Pegou de Jeito 1985
20 super sucessos-novas regravações 1997
Reviravolta 2004
FONTES
G1 Pernambuco
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